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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Amigos Digitalizados


Afinal quem são estes amigos que se digitalizam através das palavras?
Hoje me peguei pensando quem sou, e o quanto de verdade dou de mim a estes amigos desconhecidos da rede.


Amigos que mandam recados de saudade, sentem nossa falta, nos mandam força e carinho, nos admiram, interagem.
Amigos que silenciam o nosso silêncio e vivenciam nossas tristezas.

Amigos que nos buscam, amigos que não vemos o rosto, mas que sentimos o coração.
Amigos que nos sufocam, amigos que são distantes, amigos alegres, amigos questionadores, etc.


Afinal quem são estes amigos que se digitalizam através das palavras?
Quais verdades escondem, ou o que silenciam?
Porque afinal estão ali? O que procuram, o que esperam? Onde estão seus porquês?


Na rede podemos ser o que desejarmos ser, escolher o melhor papel para acalentar nosso ego, nos tornarmos mocinhos ou bandidos, realçarmos qualidades e escondermos defeitos.


Não é fácil lidar com palavras e os diversos papéis que elas nos permitem vivenciar, no entanto, mesmo diante do enigma que é o rosto vedado pela tela, continuamos interagindo, buscando o outro, tentando fazer mais e mais amigos.
Que mistério é este que envolve conviver virtualmente e porque o mundo se entrega a esta realidade?
Talvez o verdadeiro encanto, seja nossa incapacidade de julgar aquilo que não podemos conhecer na realidade e conviver de fato, e assim, nos tornarmos “inocentes” atores desta peça virtual.
Conviver na rede é um grande desafio, desafio que buscamos todo o tempo. O desafio de desvendar o outro e se permitir desvendar.
Quantos de nós somos capazes de interagir e perceber o outro na sua verdadeira essência? E quantos de nós se permitem enxergar o outro com as palavras do outro e não com nossa própria carência?

Na rede há uma infinidade de necessidades pessoais borbulhando e ensinando sobre o ser humano. Necessidade de evolução, necessidade de ser notado, necessidade de ser o que gostaria de ser, necessidade de ensinar, necessidade de amar, necessidade de apenas ser, e tantas outras necessidades que explodem a cada novo post.
E o que torna a rede rica e atraente, são estes sentimentos que nos fazem navegar pelo mar da descoberta.
E enquanto navegamos, vamos observando consistência, contradições, verdades, mentiras, máscaras, docilidade, alegria, enfim, vamos observando a vida virtual reagindo a vida real.
Não devemos criar expectativas e nem viver decepções, devemos viver a rede, o mundo virtual, como um grande universo humano. Como uma cadeia de relacionamento, que mostra que o modo de viver de cada um dentro da rede, é marcado por uma história de vida real, história esta que muitas e muitas vezes não temos acesso.
Portanto, mesmo que máscaras sejam criadas ou não, histórias sejam inventadas ou não... cada um é aquilo que se permite e necessita ser naquele momento, naquele post.... e talvez aquilo que criou, verdadeiro ou não, é o que lhe mantém um ser humano que continua vivendo a vida.
No mundo virtual, mesmo quando não concordamos, é preciso “ver” o outro além da virtualização das palavras e do escudo da tela, fazendo deste enxergar a riqueza da amizade virtual.


Mesmo que não possamos encontrar aquilo que acreditamos nas pessoas que conhecemos virtualmente, devemos aprender a conhecer o que somos na rede e o que cada pessoa pode encontrar em nós!
                                                                                                               Valéria Braz